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Artigos Publicados na Mídia

JUSTIÇA NO INGRESSO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA

Pais de um garoto que aos 17 anos foi aprovado em vestibulares de medicina, agora no início de 2010, em instituições particulares nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, e tendo vivido e participado intensamente de todo processo, adquirimos conhecimento suficiente para nos expressar, favoravelmente, ao sistema Enem / Sisu que, embora não nos tenha favorecido, veio facilitar o acesso à universidade pública ao estudante brasileiro, pois trouxe justiça àqueles que melhor se prepararam, que mais estudaram e que, com determinação e força de vontade, mais se dedicaram ao seu objetivo.

O vestibulando faz a prova do Enem (Exame nacional do ensino médio) e, de posse dos pontos obtidos, acessa o Sisu (Sistema de seleção unificada) e busca, através da internet, em toques de dedos, a vaga em várias universidades públicas brasileiras. Mais prático, fácil e barato, impossível. Na tela do computador, percebe-se na hora, se os pontos são suficientes para o curso desejado. Ou seja, se para medicina precisa-se de 80% da prova para a universidade desejada, e o jovem fez 70%, já se sabe que não terá chance, mas pode-se tentar uma outra universidade e depois outra e depois outra e depois outra, pois o sistema permite, e, se ao tentar todas, não conseguir vaga em nenhuma delas, escolhe-se qualquer outro curso, e tenta-se, novamente, em todas instituições inscritas no processo. Ao fazer a tentativa de inscrição em um curso, aparece a nota de corte, que não diz se está aprovado, mas mostra, até o momento de sua inscrição, se você tem, ou não, chance de êxito. Ou seja, não precisa fazer mil vestibulares e gastar uma fortuna com viagens e taxas, basta acessar o sistema, sai na hora se você pode ser aprovado. É maravilhoso. Não existe nada mais democrático, correto e, embora precise ser melhorado, organizado. Estudou, passou. Não estudou, não passou. Este é o fato. Esta é a realidade. Não existe nada mais justo, ou existe?

O estudante do sul participar de um processo seletivo no norte, e vice-versa, é ótimo. A livre escolha é excelente. Se a nota não for suficiente para ingressar em uma Universidade de São Paulo, as mais concorridas, busque outro Estado de nosso Brasil, ou não somos um país só? Cabe, caso seja aprovado em uma cidade diferente daquela que gostaria em primeira opção, ao jovem e à família, a responsabilidade da decisão. É a democracia plena. Aos18 anos, o jovem deve começar enfrentar a vida, caminhar sozinho e aproveitar as oportunidades que surgem. Se ele tem a chance de fazer um curso superior público e gratuito, porém longe de casa, cabe a ele definir os seus valores. Caso não queria ir, não vá e dê a vaga para outro. Faça um ano de cursinho e tente novamente. Ou seja, a escolha é nossa. E arcamos com ela durante a nossa vida. Bem ou mal, você responde por seus atos. Assim é o mundo!

Outra situação a ser ponderada é o custo deste jovem fora de sua cidade. É um problema real que deve ser enfrentado, mas, por outro lado, muitas pessoas têm o hábito de esperar que outros façam por elas, sejam os pais, o Estado, os amigos, a fé religiosa, parentes ou o que quer que seja. É necessário que tomem iniciativa, acreditem em si próprios. Andem. Caminhem. Decidam. As oportunidades estão por aí, para todos. O Estado Democrático, neste caso, nada mais fez do que normatizar, viabilizar e abrir portas antes inatingíveis. Até no ano passado, era caríssimo, para não dizer impossível, mandar seu filho prestar vestibular na excelente cidade de Porto Alegre, hoje ele faz pela internet, com a nota do Enem, através do Sisu, com custo zero. No computador.

Evidentemente que se o número de pontos for muito baixo, não se consegue vaga em nenhum curso; da mesma forma, se não forem suficientes para a área escolhida, e o aluno não quer tentar outro que peça pontuação inferior, vai ficar mais um ano estudando.

Temos lido muitas críticas sobre o sistema, e concordamos com a maioria delas, conforme descreveremos a seguir, mas o que deve se fazer é melhorar os pontos falhos, corrigir erros e injustiças e não retroceder no que já foi conseguido: a justiça no ingresso na educação superior.

Impressionantemente negativo e falho, é o fato de terem sobrado vagas em cursos concorridíssimos, entre eles medicina. Como sobrar vagas? Não aceitamos, por qualquer motivo que seja! Sobrar vagas? O que é isso? Que tamanha injustiça! Uma luta imensa, um ano de batalha árdua para o jovem chegar à pontuação desejada e aí, por alguns porquês injustificáveis e inaceitáveis, não se convoca o próximo classificado. Sobraram vagas. Que loucura é essa! Um ano de vários jovens foi jogado fora porque as universidades não puderam convocá-los? As autoridades e os profissionais da área precisam acertar isso, como alguns já estão fazendo, e que nunca mais se repita tal absurdo. Se sobrou uma vaga que seja, esta pertence a alguém, que deve ser procurado e ser-lhe oferecida. Caso não queira, procura-se o próximo e assim por diante. É lógico. As aulas já começaram? Sugerimos que o convoque já para o próximo semestre ou ano letivo. Novamente, repito, a decisão passa a ser do dono da vaga e não da universidade. Aceitamos e compreendemos as falhas do sistema, mesmo porque este foi o primeiro ano, mas prejudicar garotos injustamente, é imperdoável. Já estudaram o ano todo, conseguiram a nota necessária e não são premiados com a convocação por erros do sistema. E não estamos falando em causa própria. O nosso filho, para ser aprovado, precisava de mais 06 pontos, que significam milhares de jovens à frente dele, portanto, não tem a menor chance.

Da mesma forma, o cancelamento da prova em outubro foi um desastre com conseqüências muito danosas aos estudantes e ao sistema. Atrasos no início das aulas e em outros vestibulares que usaram o Enem como primeira fase de seus processos seletivos, são alguns dos danos que não podem repetir-se.

Os dois dias de provas com questões objetivas (testes com alternativas) e baseadas no raciocínio lógico, nada mais perfeito. Porém, a prova de redação, com critérios de correção bastante subjetivos e em um país com a dimensão do nosso, com uma imensidão de corretores, preparados sabe-se lá como, de norte a sul, de Manaus a Porto Alegre, do Rio de Janeiro a Campo Grande, e com critérios, com certeza, pessoais, deve ser revisto e o sistema deve acolher sugestões, pois a possibilidade de injustiças é evidente.

A questão da segurança da prova, da gráfica, da distribuição, da logística, da possibilidade de corrupções têm que ser prevenidos, e, se acontecerem, devem ser punidos exemplarmente. É a vida de milhares de jovens em jogo e eles não podem ser prejudicados.

A educação pública de nível básico / médio em nosso país, em sua grande maioria, está lamentável e precisa ser melhorada urgentemente. Para aliviar um pouco a discrepância entre estes alunos e os oriundos de escolas particulares, e fazê-los ver que o sonho é possível e que

está mais próximo do que nunca, o MEC tem buscado alternativas através do sistema de cotas, do Prouni e do Fies.

O Sistema de Cotas tem contribuído também para a Democracia nas Universidades Públicas. Mesmo na condição de hoje classe média, filhos de pais de classe mais baixa, trabalhadores exemplares, sem títulos mas presentes em nossa educação, e não tendo tido nenhum tipo de proteção através de qualquer tipo de cota, acreditamos que o Estado deva facilitar o ingresso dos menos favorecidos às universidades públicas. Apesar dos problemas que existem, deve-se estimular o jovem de qualquer nível social, credo e cor a buscar um futuro melhor. Ou seja, o Sistema de Cotas deve existir. Mas, sempre, em 100% dos casos, àqueles que, comprovadamente, através de documentação rígida, mostrem dificuldades financeiras. É o Estado Democrático oferecendo caminhos para todos os segmentos da sociedade. É a justiça social. Porém não se deve dar esmolas mas sim oferecer situações para que as pessoas valorizem-se, encontrem-se, acreditem em si próprias, trabalhem e busquem um futuro melhor. É sabido que existem, nesse imenso Brasil, pais, em condições financeiras melhores do que a nossa, que colocam os filhos em escolas de ensino fundamental / médio públicas. Aproveitam-se da legislação e favorecem-se através das cotas. Cabe às autoridades públicas definir o percentual de vagas. Apenas e simplesmente como opiniões pessoais, sem conhecimento científico do tema - até por que, além de o assunto ser muito polêmico, não somos da área educacional - acreditamos que se reservar 30% das vagas para esse fim seja um número interessante. Porém, aceitamos sugestões. Assim como, a isenção de pagamento da inscrição do Enem deve ser melhor regulamentada, pois, novamente, existem pais aproveitando-se do sistema.

O Prouni tem feito a sua parte ao estimular os egressos de escolas públicas a entrar em faculdades particulares, oferecendo bolsas de estudo integrais e de 50%. E o critério é justo: através da renda familiar e do desempenho no Enem. Caso cada membro da família ganhe até 1 salário mínimo por mês, o Prouni oferece bolsa integral e caso chegue a até 3 salários mínimos, a bolsa é de 50%. E as instituições de ensino são beneficiadas com isenção de impostos. Isso é real. Ou seja, se fez um mínimo de 40% da prova, você tem chances de entrar em faculdade particular e não pagar. É o Estado Social oferecendo oportunidades para os que têm menos chances em grandes instituições e em cursos públicos muito disputados.

Àqueles oriundos de escolas particulares e que estejam em curso superior pago, o MEC, a partir deste ano, melhorou o Fies, financiamento estudantil, que, com juros baixos, sem correção monetária, com amortização da dívida a partir de 12 meses de formado e com prazo para pagamento de até três vezes o tempo de duração do curso, tem facilitado a vida do jovem que sonha com o título universitário. Infelizmente, neste ano, o financiamento ainda não está liberado para os novos estudantes, prejudicando-os imensamente, pois as mensalidades já estão vencendo. O Programa Escola da Família do Governo do Estado de São Paulo tem viabilizado, através de trabalho em escolas públicas nos finais de semana, bolsas de estudo de 50% do valor da mensalidade para faculdades participantes do Programa Bolsa Universidade.

Muitas vezes criticamos, justamente, o Estado por imensos erros cometidos, por roubalheiras escandalosas e impunes, e por desmandos que nos angustiam e nos deixam desesperançosos, mas com a criaçao do Sistema Enem / Sisu /Prouni / Fies a justiça está sendo feita no ingresso

à Educação Superior Brasileira. Agora é torcer para que mais universidades participem do sistema, já que elas também são livres para ingressar ou não.

Para finalizar, além de esperar que todos os erros e imperfeições sejam corrigidos queremos parabenizar aqueles seres humanos, gente como a gente, profissionais, que, através da busca da justiça social, sugeriram, criaram e viabilizaram tal revolução no acesso à universidade pública brasileira.

Autores: Cleber Lima, assistente social e empresária. RG 10138336

Dr. Luiz Lima, cirurgião-dentista. RG 8173549-2

Fone: 32334924

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